O outro que sou eu

O ônus da liberdade é a angústia

.

Meu coração é sadicamente irônico

Nunca se faz claro na ânsia

E deixa na entrelinhas do universo

O lado diametral que escondo

<O tédio como condição de existência>

.

Meu coração é o anjo que se rebelou

Contra uma milícia celeste vista em delírio

Durante uma febre intermitente, oblíqua

É uma angústia sonhada e nítida

.

Meu coração é compelido pela ocasião

Nunca pela vontade

Nunca por simplesmente querer

Possui uma desejo próprio e alheio

.

Meu coração é tudo - menos meu

É uma metafísica que encapsula o mundo

E meu mundo é uma fatia da irrealidade de amar

O que se faz vivo em realidades outras

.

Meu coração é fatalidade do devir inapelável do pensamento

É a consequência direta de sentir e ver

É a reverberação do cosmos que reflui

É o devaneio intranquilo dos amantes

É o pedaço vivo e pulsante que saiu de mim

.

Meu coração só não é mais ridículo do que a Alma

Que sonha e crê num deus pessoal

Chamado Amor